6 meses depois | 6 months later
Melbourne-oh-Melbourne
Não foi difícil fazer de Melbourne minha cidade.
Já tenho a minha rotina, os meus horários, o meu estúdio de yoga, o meu supermercado, o meu café preferido, o meu barbecue de eleição, o meu pequeno grupo de amigos. Até já tenho os meus programas de televisão: My Kitchen Rules (não tarda nada vem aí o Masterchef), The Chase (um concurso de cultura geral que também existe em Inglaterra), e o meu "guilty pleasure" - Bachelor in Paradise, um reality show australiano com solteiros e solteiras escolhidos a dedo, nas ilhas Fiji, à procura do amor (ah-ah-ah-ah).
A primavera e o verão trouxeram de tudo, desde cinema nos terraços dos edifícios, concertos nos jardins (incluindo orquestra sinfónica), mercados à noite (entre eles o célebre Queen Victoria Market by Night), o Open da Austrália, corridas de F1, bares temáticos de verão, festivais de comida do mundo fim-de-semana-sim-fim-de-semana-sim, etc etc etc. Agora acredito que irá abrandar um pouco, mas estarei cá para apreciar a calmia do outono.
Confirmo que as temperaturas ultrapassaram muitas vezes os 30ºC, e algumas vezes os 40ºC. Facto interessante acerca da singularidade meteorológica de Melbourne: recordo-me perfeitamente de duas situações em que estavam temperaturas acima dos 40ºC e em que numa hora baixaram para temperaturas a rondar os 20ºC, tudo por influência dos ventos gelados que vêm da Antárctica.
A Distância
Não sinto verdadeiramente a distância - felizmente! A internet faz milagres com a partilha de mensagens, fotos e vídeos de forma quase instantânea. E a um custo mínimo... Mas já houve situações em que quis estar em Portugal. Para dar a mão, dar aquele abraço, e tomar conta. Mas aceitei e abracei a distância como algo natural desta aventura.
A Casa
A principal conclusão deste capítulo é a de que realmente precisamos de muito pouco para viver. Pensava mesmo que ía sofrer por estar num espaço estéril em que praticamente nada era meu (tirando os lençóis e as toalhas e as roupas), longe das minhas coisas. Mas não. O ser humano adapta-se e cresce com isso: afinal coisas são coisas e só têm a importância que lhes queremos dar.
O Trabalho
Um dos objetivos da vinda para a Austrália foi o de testar-me. Testar-me numa situação em que estava num país longe de casa, sem casa e sem trabalho. E todos os dias sinto-me a superar o desafio (uns dias mais que outros, para ser sincera). Se por um lado a minha "sorte" tem sido aceitar e aproveitar de facto para me dedicar a outras coisas (Cruz Vermelha e Learning Laneway, por exemplo), a "sorte" do Tiago tem sido bastante diferente, com um regresso inesperado à área de Engenharia do Ambiente e o surgimento de um leque de opções ainda a explorar.
A Austrália
A Austrália é grande, enorme mesmo. E é cara para xuxu. Mas mesmo assim tem dado para umas escapadelas bem porreiras! Phillip Island com a sua enorme comunidade de pinguins-fada (post para breve), a cénica Great Ocean Road, a ultra-hippie Byron Bay, a artística Benalla (post para breve), e a arqui-inimiga de Melbourne, a maravilhosa Sydney (post para breve).
No sub-capítulo da vida selvagem já tive oportunidade de "confraternizar" com: pinguins-fada, coalas, cangurus e wallabies, emus, diabos da tasmânia, wombats, lorikeets, papagaios vários, gambás, morcegos da fruta e caravelas portuguesas. Até já consigo distinguir o grasnar de alguns pássaros! As aranhas e as cobras têm-se mantido à distância, e os crocodilos continuam apenas no norte da Austrália (sendo que ainda não fui lá). Enquanto passeava em Manly Beach (Sydney) houve alerta de dois avistamentos de tubarão (excusado será dizer que não estava ninguém na água).
Já comi canguru. Já comi pavlova e posso-vos dizer que já comi melhores em Portugal. Já provei o bolo lamington (tipo pão de ló com compota de frutos vermelhos, coberto com chocolate e côco ralado), e é OK. Continuo viciada em Tim Tams (as bolachas que só se encontram na Austrália) principalmente as que têm salted caramel. Ainda não provei o Vegemite porque ainda não aconteceu. Começo a apreciar - ainda que MUITO ligeiramente - a cerveja artesanal do estado de Victoria. E o café senhores, o café...
Começo também a achar alguma piada ao AFL - o chamado futebol australiano (posteriormente desenvolverei). E o cricket tem feito parte da minha conversa nas últimas semanas, dado o GIGANTE escândalo em que a equipa australiana esteve envolvida - não sei como não declararam luto nacional tal foi o tamanho da desilusão australiana.
Balanço
Ainda estou em fase de namoro com a Austrália. Eu, mulher europeia e madura, a Austrália com uns ares americanos e ainda a sair da adolescência (é um país realmente novo - 250 anos, mais coisa menos coisa). Chegamos com dois apêndices e já só nos resta um (o do Tiago ficou por cá); chegamos com alguns sonhos, expectativas e ilusões, e se houve casos em que a realidade foi bastante mais dura, outros houve em que fomos positivamente surpreendidos. E assim continuaremos por cá :)
(balanço pós-primeiro mês)
Não foi difícil fazer de Melbourne minha cidade.
Já tenho a minha rotina, os meus horários, o meu estúdio de yoga, o meu supermercado, o meu café preferido, o meu barbecue de eleição, o meu pequeno grupo de amigos. Até já tenho os meus programas de televisão: My Kitchen Rules (não tarda nada vem aí o Masterchef), The Chase (um concurso de cultura geral que também existe em Inglaterra), e o meu "guilty pleasure" - Bachelor in Paradise, um reality show australiano com solteiros e solteiras escolhidos a dedo, nas ilhas Fiji, à procura do amor (ah-ah-ah-ah).
A primavera e o verão trouxeram de tudo, desde cinema nos terraços dos edifícios, concertos nos jardins (incluindo orquestra sinfónica), mercados à noite (entre eles o célebre Queen Victoria Market by Night), o Open da Austrália, corridas de F1, bares temáticos de verão, festivais de comida do mundo fim-de-semana-sim-fim-de-semana-sim, etc etc etc. Agora acredito que irá abrandar um pouco, mas estarei cá para apreciar a calmia do outono.
Confirmo que as temperaturas ultrapassaram muitas vezes os 30ºC, e algumas vezes os 40ºC. Facto interessante acerca da singularidade meteorológica de Melbourne: recordo-me perfeitamente de duas situações em que estavam temperaturas acima dos 40ºC e em que numa hora baixaram para temperaturas a rondar os 20ºC, tudo por influência dos ventos gelados que vêm da Antárctica.
A Distância
Não sinto verdadeiramente a distância - felizmente! A internet faz milagres com a partilha de mensagens, fotos e vídeos de forma quase instantânea. E a um custo mínimo... Mas já houve situações em que quis estar em Portugal. Para dar a mão, dar aquele abraço, e tomar conta. Mas aceitei e abracei a distância como algo natural desta aventura.
A Casa
A principal conclusão deste capítulo é a de que realmente precisamos de muito pouco para viver. Pensava mesmo que ía sofrer por estar num espaço estéril em que praticamente nada era meu (tirando os lençóis e as toalhas e as roupas), longe das minhas coisas. Mas não. O ser humano adapta-se e cresce com isso: afinal coisas são coisas e só têm a importância que lhes queremos dar.
O Trabalho
Um dos objetivos da vinda para a Austrália foi o de testar-me. Testar-me numa situação em que estava num país longe de casa, sem casa e sem trabalho. E todos os dias sinto-me a superar o desafio (uns dias mais que outros, para ser sincera). Se por um lado a minha "sorte" tem sido aceitar e aproveitar de facto para me dedicar a outras coisas (Cruz Vermelha e Learning Laneway, por exemplo), a "sorte" do Tiago tem sido bastante diferente, com um regresso inesperado à área de Engenharia do Ambiente e o surgimento de um leque de opções ainda a explorar.
A Austrália
A Austrália é grande, enorme mesmo. E é cara para xuxu. Mas mesmo assim tem dado para umas escapadelas bem porreiras! Phillip Island com a sua enorme comunidade de pinguins-fada (post para breve), a cénica Great Ocean Road, a ultra-hippie Byron Bay, a artística Benalla (post para breve), e a arqui-inimiga de Melbourne, a maravilhosa Sydney (post para breve).
No sub-capítulo da vida selvagem já tive oportunidade de "confraternizar" com: pinguins-fada, coalas, cangurus e wallabies, emus, diabos da tasmânia, wombats, lorikeets, papagaios vários, gambás, morcegos da fruta e caravelas portuguesas. Até já consigo distinguir o grasnar de alguns pássaros! As aranhas e as cobras têm-se mantido à distância, e os crocodilos continuam apenas no norte da Austrália (sendo que ainda não fui lá). Enquanto passeava em Manly Beach (Sydney) houve alerta de dois avistamentos de tubarão (excusado será dizer que não estava ninguém na água).
Já comi canguru. Já comi pavlova e posso-vos dizer que já comi melhores em Portugal. Já provei o bolo lamington (tipo pão de ló com compota de frutos vermelhos, coberto com chocolate e côco ralado), e é OK. Continuo viciada em Tim Tams (as bolachas que só se encontram na Austrália) principalmente as que têm salted caramel. Ainda não provei o Vegemite porque ainda não aconteceu. Começo a apreciar - ainda que MUITO ligeiramente - a cerveja artesanal do estado de Victoria. E o café senhores, o café...
Começo também a achar alguma piada ao AFL - o chamado futebol australiano (posteriormente desenvolverei). E o cricket tem feito parte da minha conversa nas últimas semanas, dado o GIGANTE escândalo em que a equipa australiana esteve envolvida - não sei como não declararam luto nacional tal foi o tamanho da desilusão australiana.
Balanço
Ainda estou em fase de namoro com a Austrália. Eu, mulher europeia e madura, a Austrália com uns ares americanos e ainda a sair da adolescência (é um país realmente novo - 250 anos, mais coisa menos coisa). Chegamos com dois apêndices e já só nos resta um (o do Tiago ficou por cá); chegamos com alguns sonhos, expectativas e ilusões, e se houve casos em que a realidade foi bastante mais dura, outros houve em que fomos positivamente surpreendidos. E assim continuaremos por cá :)
(balanço pós-primeiro mês)
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