Sobre superar medos | About overcoming fears


Hoje senti um tipo de medo que já não sentia há muito-muito tempo (o episódio do teleférico em HK foi uma coisa completamente diferente, já que nesse caso específico eu não podia fazer absolutamente nada: foi sentar, esperar e rezar).

Como prenda de aniversário de casamento (dois anos depois :)) o Tiago achou que estava na hora de (tentar) ficar viúvo e decidiu levar-nos para um parque de arvorismo: "atividade desportiva radical que consiste na travessia entre plataformas montadas nas árvores, ultrapassando diferentes tipos de obstáculos".

Eu sou aventureira de me despedir e mandar para o outro lado do mundo. Mas não sou nada o tipo de aventureira que se enfia num arnês (nem sei se "enfiar" é o termo técnico certo), coloca um capacete e umas luvas, e vai aprender técnicas de arvorismo, incluindo como "trabalhar" em segurança com os mosquetões.

Na loucura resolvemos ir logo para um percurso vermelho (os percursos têm cores diferentes consoante o nível de dificuldade: amarelo, verde, azul, vermelho e preto). O primeiro obstáculo era simplesmente subir até uma plataforma mais ou menos a 8 metros de altura - em seguida era preciso atravessar uma rede vertical, com a ajuda das mãos e pés, para chegar à plataforma seguinte. Visto de baixo parecia-me difícil mas "fazível". Oito metros acima do solo soube que era impossível. 

Não era capaz. 
Estava paralisada. 
E assim fiquei durante 5 segundos, ou o que me pareceram ser 5 segundos. 

Nem sei muito bem se foi ouvir as palavras de apoio do Tiago ou se foi a Joana-criança a rir-se da Joana-adulta, mas a verdade é que avancei. Com as pernas a tremer, e a fazer uma das técnicas de respiração que aprendi na meditação, lá consegui chegar à segunda árvore. 

E a partir daí cada obstáculo foi mais fácil mentalmente (fisicamente acho que foi sempre em crescendo): o medo nunca me abandonou por completo, mas a verdade é que comecei a sentir prazer com esse medo e principalmente com a superação desse medo. O cenário, dentro de floresta cerrada, e a chuva que nos brindou algumas vezes durante aquelas 2 horas e 30 minutos, só acrescentaram mais magia à coisa. 

(A seguir à vermelha o Tiago ainda fez uma preta, mas eu estava tão cansada dos braços (!!!) que não queria "estragar" o que até aí tinha sido uma experiência perfeita.)

Naquela plataforma a 8 metros de altura eu achava mesmo que não ía conseguir. 
Estava 100% convencida que não ía dar mais um passo.
A quantidade de coisas que nós achamos que não conseguimos fazer e que por esse motivo nem sequer tentamos?! Não, eu não sou uma daquelas pessoas que acha que somos capazes de tudo / conseguimos tudo / temos de fazer tudo. Não, de todo!!! Mas se nunca dermos aquele primeiro passo para ultrapassar um "simples" medo - medo de alturas, medo de falar em público, medo de dançar, medo de mudar de trabalho/país - então nunca vamos sentir o prazer da superação (estou obviamente a falar apenas da superação de medos com impacto positivo nas nossas vidas; superar o meu medo de aranhas deixando uma tarântula a passear-me na mão não ía de todo fazer nada por mim!).

O próximo percurso será o preto. E durante os primeiros 5 segundos (ou mais) sei que vou paralisar. Mas a seguir vem o primeiro passo. E depois o segundo...

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