Por Hong Kong | 香港周邊



Hong Kong esperava-nos muito (!) quente e muito (!!!) húmida. Agosto é época baixa em HK mas como escolhemos o mês do emigrante para o regresso a Portugal, e HK como escala no regresso a Melbourne, tivemos de ignorar a possibilidade de tufões - que podem ocorrer com maior probabilidade de Julho a Setembro - bem como toda a situação política vivida em HK neste momento. Felizmente tivemos bastante sorte com o tempo (só tivemos de comprar um guarda-chuva no último dia) e talvez por ser época baixa não tivemos grandes filas nem “problemas de espaço” (HK é uma das áreas mais densamente povoadas do mundo). Quanto à questão política apenas assistimos a uma manifestação que em nada nos impactou a estadia (aguardo no entanto com algum curiosidade o que virá por aí, principalmente agora que uma grande frota de tanques chineses está estacionada na cidade vizinha de Shenzhen).

Sendo uma das cidades do mundo com mais arranha-céus, tem alguns dos arranha-céus mais espectaculares que já vi. Tem prédios de habitação impressionantes - parecem sentinelas gigantes plantados por toda a ilha - e não há nenhuma foto que consiga captar a verdadeira dimensão da coisa. 

Ao contrário do que muitos pensam existe pobreza em HK. Os preços da habitação colocam muita gente a viver dentro de "casas" com 10 metros quadrados (mais uma casa de banho no corredor partilhada por todo o andar). Algumas dessas casas parecem autênticas “jaulas”, e o seu preço por metro quadrado é muitas vezes superior ao preço do metro quadrado junto a Central Park em Nova Iorque.

A alguns kms fora do centro há pequenas vilas piscatórias com casas construídas sobre estacas, há floresta densa, há praia. Homens e mulheres vestidos com os seus melhores fatos para irem trabalhar numa das zonas financeiras mais sofisticadas do mundo caminham ao lado de homens de tronco nu a transportar em carrinhos de mão tudo o que é produto seco e desidratado para as suas lojas. Hong Kong conquista pela diversidade.

HK tem uma península ligada à mainland China (península de Kowloon) mais cerca de 260 ilhas e ilhotas (“principais” aka mais turísticas: ilha de Hong Kong e ilha de Lantau), e como é óbvio apenas visitamos uma minúscula parte de HK (mais Macau - post para breve). Logo tive de fazer os trabalhos de casa e planear algo que se enquadrasse com o nosso estilo de viagem e tempo disponível.

Mais uma vez e à semelhança de Seul apostamos em cultura&comida através de tours (nada melhor do que um local a mostrar-nos os segredos da sua cidade!!):

Tour noturna (e gratuita) por Yau Ma Tei & Temple Street 
Os mercados noturnos não são muito comuns em HK, o que torna o mercado de Temple Street extremamente popular. Por estes lados provamos, entre outras coisas, uma espécie de omelete de ostras (eu que não gosto de ostras gostei bastante desta omelete), e os famosos waffles de HK com manteiga, pasta de amendoim e açúcar - delicioso! É possível encontrar de tudo por aqui mas o meu favorito foi:
- Karaoke de rua com velhotes simpáticos. Imaginem algumas mesas e cadeiras ao ar livre, num espaço mais ou menos confinado por umas fitas, com um sistema de som, um senhor com um micro na mão (e sempre demasiado perto da boca), a cantar uma música chinesa de frente para uma TV enquanto vê a letra da música. Bom demais!!
- Barraquinhas e barraquinhas com senhoras e senhores que lêem o futuro de todas as maneiras possíveis e imaginárias: mãos, mapa astral, cartas, com ajuda de passarinhos, etc etc.

Tour pelo centro da ilha de Hong Kong (igualmente gratuita)
De Sheung Wan até Central, passando pelas ruelas onde se vendem todos os produtos desidratados possíveis de imaginar, por Hollywood Road com todas as lojas de antiguidades, pelo templo de Man Mo ali encaixado no meio dos prédios gigantes, e ainda pela super trendy Soho (south of Hollywood). Ainda deu tempo para provar o tradicional Hong Kong milk tea, que é basicamente chá com leite condensado mais um pouco de café - pode parecer um pouco estranho mas é uma bebida super refrescante que lembra leite achocolatado com um travo a café. Também provamos as tartes de ovo de HK, que apesar de terem algumas semelhanças com os pastéis de nata não conseguem, de todo, encher as minhas medidas.

Tour por Lantau
Lantau é destino quase obrigatório quando em HK por vários motivos:
- Tiian Tan Buddah - o Grande Buddah: o maior Buddah sentado de bronze do mundo (34m de altura). Este Buddah encontra-se ao cimo de 286 escadas. E essas escadas encontram-se no topo de uma montanha. E eu tive a excelente ideia de irmos até ao topo da montanha de teleférico (eu que odeio andar de teleférico): foram cerca de 7km, qualquer coisa como 25 minutos, a um tracinho de "panicar" em modo total.
- O mosteiro de Po Lin tem uma energia difícil de descrever. O som, ao longe, dos monges budistas a rezar, conseguiu fazer-me esquecer por completo o quanto sofri no teleférico.
- A vila piscatória de Tai O com muitas casas ainda assentes sobre estacas.
- As vaquinhas soltas pela ilha.

Cruzeiro para assistir à "Symphony of Light"
A skyline de HK é uma das mais marcantes de que tenho memória. O passeio de barco vale muito a pena mas para ser absolutamente sincera não acho que a Symphony of Lights - um espectáculo de som, luzes e lasers com duração de 15 minutos e que acontece todos os dias às 20:00 e às 21:00 - acrescente assim TANTO àquela baía que já é espectacular por si só!

Tour gastronómica com a Hello Hong Kong  
Se não me engano foi em HK que arrancou o conceito de estrela Michelin para "comida de rua". Fomos a três sítios com estrela Michelin onde éramos os únicos caucasianos: comemos dim sum maravilhoso, noodles maravilhosos e dumplings maravilhosos. Destaques da food tour: a loja do chá com a preparação do mesmo numa mesa construída à medida para o efeito - foi um autêntico ritual,  delicioso de assistir; a farmácia tradicional chinesa com as suas “poções” - algumas delas a preços exorbitantes - parecia que tinha viajado no tempo e entrado num filme chinês da década de 50; o restaurante de sopa de cobra com mais de 100 anos de idade, e com dezenas de caixas de madeira repletas de cobras à espera da sua sorte.

Mais coisas:
  • A rede de transportes funciona muito bem e está preparada para turistas que falem inglês: todos os letreiros e indicações estão em inglês (bem como chinês).
  • Em teoria os hongueconguenses (sim, esta palavra existe) falam inglês. No entanto preferem dizer que não percebem/falam porque são bastante “complexados”: uma questão cultural muito frequente na China, Coreias e Japão - preferem não falar do que passar alguma “vergonha”.
  • A ilha de HK tem os trams mais incríveis de sempre! Já fizeram mais de 100 anos e têm uma mística muito especial, com os seus dois andares, vibe retro e o característico som "ding-ding" (são chamados carinhosamente pelos locais de ding-dings). São uma maneira super barata (mas não propriamente rápida) de percorrer toda a "marginal" da ilha de Hong Kong - a viagem demora cerca de duas a três horas.
  • Caminhar pelas ruas e ruelas de HK bem como espreitar as centenas de lojas é impagável (destaque para a ilha de Hong Kong, zonas de Sheung Wan e Central). Obviamente que sem um local a explicar-nos o que estamos a ver, às vezes torna-se bastante difícil perceber exactamente do que se trata, principalmente porque os letreiros estão todos em chinês.
  • Nos restaurantes mais tradicionais, visitados apenas por locais, não há informação nenhuma em inglês (é apontar e gesticular a ver se resulta!). 
  • As mezinhas e os remédios caseiros (a dita medicina tradicional chinesa), são coisas que me fazem alguma confusão. Ervinhas, ginseng, gengibre, perfeito!! Mas quando começa a meter tubarão (desde a barbatana aos dentes a passar pela coluna), chifre de alce, cobra, lagartos secos e espalmados, cavalos marinhos desidratados, etc, aí já me faz muita "espécie".
  • E a quantidade de coisas “estranhas” (para ser simpática) que eles colocam no chá ou na sopa para ajudar a libido masculina?! Numa certa zona da cidade encontramos o seguinte graffiti “shark fin = small penis”. Eu não queria dizer nada, mas parece-me uma pista um bocado óbvia.

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