O alimento da saudade


Recém-chegados do nosso querido Portugal, tinha em mente escrever um post entitulado "a comida da saudade" (obrigada D. Ana!), em que ía falar de quão felizes os nossos estômagos estavam depois destas "férias" - palavra propositadamente entre aspas já que os 10 dias passados em Portugal foram tudo menos para descansar.

Mas falar-vos maravilhas da comida portuguesa não seria novidade nenhuma, certo?!

Mais do que o nosso estômago, há que falar da nossa alma.
Para ser absolutamente sincera, passou-me pela cabeça não irmos a Portugal. O Tiago achava que estávamos a ficar demasiado confortáveis com a distância (o que era verdade), mas mais do que estar bem com a distância, a minha maior razão para ponderar não ter regressado este Agosto, foi ter plena consciência do quão mais me iría custar partir uma segunda vez.

Quem me conhece sabe que estou bem em Melbourne (aliás, sabe que estamos bem os dois!). E nunca, em momento algum, alguém me viu a choramingar em encontros e/ou despedidas - estarmos deste lado do mundo é uma decisão nossa e plenamente consciente. Mas se da primeira vez consegui ir apenas a viagem inicial do táxi em direção ao aeroporto a chorar, desta vez o meu meltdown durou até aterrarmos em Amsterdam. A partir do momento em que a minha mãe saiu da minha linha de visão, desabei, e acho que chorei tudo o que não tinha chorado nos últimos 2 anos (com intervalos em que estava absolutamente bem).

A verdade é que vocês (sim, vocês) são a nossa Casa. Os abraços apertados, os carinhos, os toques, as confidências, derrubaram tudo o que, de forma involuntária, se tinha tornado uma capa protetora nossa para lidar com a distância. E quando demos conta já não havia nada a fazer: estávamos efetivamente em Casa.

Mas agora, e por enquanto, Melbourne também é a nossa casa (e sabe muito bem estar neste momento no meu sofá, com o vento forte a soprar lá fora, a escrever este post). E ainda a recuperar dos dias passados em Hong-Kong e Macau (post para breve), está na hora de voltar à realidade - é que daqui a umas horas já é segunda-feira e toda a gente sabe o que isso significa :)


P.s. - Com muita pena nossa não conseguimos estar com toda a gente que queríamos/devíamos: infelizmente o tempo foi curto e a lista de burocracias a tratar era extensa. Uma excelente desculpa para uma visita aqui à Oceânia :)

Comentários

  1. Adorei a descrição. Com o tempo a capa protetora volta. Um beijinho apertado. Liliana Benites

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  2. Um beijo enorme Jo, tive pena de não estar convosco ...sempre teremos de vos fazer uma visita ;)

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