Com os pés no chão | Med fötterna på jorden

Em 30 anos de viagens pelo ar (o meu primeiro voo foi aos seis) nunca apanhei grandes sustos - alguma turbulência, mas nada de crítico diria - mas ao longo dos anos fui "colecionando" algumas histórias de amigos/colegas/conhecidos.

Agora já tenho uma história minha.

Já saímos de Los Angeles atrasados. Passado já mais de uma hora de voo, quase em Denver, o Tiago, que seguia atentamente a nossa viagem no ecrã no assento da frente, diz-me que alguma coisa se estava a passar porque tínhamos passado de 8 horas e qualquer coisa até ao nosso destino final - Londres, para 1 hora e 12 minutos - com o destino final de Los Angeles. Eu comecei a dizer que devia ser um bug informático qualquer, o que pensando bem também não é algo muito agradável de acontecer num avião... O Tiago insistia que estávamos a dar a volta para trás, e eu a dizer que era impressão dele e que o avião estava "apenas" a virar um bocadinho (ahah). Passado 20 segundos a voz do comandante: "Senhoras e senhores passageiros, infelizmente temos de voltar para o aeroporto de Los Angeles. Estamos com um problema no sistema hidráulico, que é um sistema redundante - repito, um sistema redundante - mas dado que vamos atravessar o Atlântico e a vossa segurança é a nossa prioridade, preferimos voltar para trás e resolver o problema. O voo de regresso vai decorrer com toda a normalidade, bem como a aterragem. Como estamos muito pesados para aterrar teremos de libertar algum combustível durante o voo de regresso, mas de resto tudo normal." Silêncio... E lá voltamos nós para trás.

Quando aterramos em LA já tínhamos um outro avião à nossa espera - aparentemente a reparação do sistema hidráulico poderia demorar algum tempo, mas infelizmente ainda tínhamos de esperar por uma nova tripulação (desconheço as regras mas a equipa original que viajava connosco foi toda substituída).

Conseguimos sair de LA já perto da meia-noite (o voo original era às 17:15), a fazer contas de cabeça com as horas de chegada a Londres por causa do jogo Fedal. Só de imaginarmos que podíamos falhar este momento mítico do ténis, quase que nos dava uma coisinha má!!!

Levantamos voo e passado um bocado "chega" a voz do novo comandante a dar-nos as boas noites, a pedir muitas desculpas pelo sucedido e a avisar que à nossa espera estava um voo bastante turbulento... E multipliquem bastante por 100. Só para resumir: foi um voo difícil, muito-muito difícil.


É com saudades que recordo os tempos em que não me importava nada de voar, aliás, até apreciava. Mas a partir dos 30 alguma coisa aconteceu, um interruptor ligou ou desligou no meu cérebro e comecei a entrar em aviões com algum "sacrifício" (principalmente voos longos em cima de água!). Sei que o avião é estatisticamente o meio de transporte mais seguro. Mas também sei que quanto mais se anda, maior a probabilidade de acontecer algo - Estatística!

Entre viajar e não viajar vou escolher sempre viajar. Mas por enquanto, num futuro próximo (e enquanto a minha memória desta experiência não começar a falhar), os planos passam por viajar para mais perto, e de preferência com os pés a menos de 1 metro do chão :)

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