Noma | Noma

Já não me consigo recordar da primeira vez que ouvi falar do Noma, mas sei que ir ao Noma era uma daquelas coisas que eu queria fazer, pelo menos uma vez na vida. Afinal, ser-se considerado o melhor restaurante do mundo em 2010, 2011, 2012, 2014 e 2021 (apenas o Noma e o El Bulli ganharam 5 vezes este prémio), mais as suas 3 estrelas Michelin, sugerem que este será um sítio que valerá a pena visitar.

Noma é o restaurante do chef René Redzepi, sendo considerado como uma referência da new nordic cuisine, movimento culinário iniciado nos inícios dos anos 2000, e que tem como base de inspiração um manifesto escrito pelo ativista alimentar/empresário Claus Meyer e uma série de chefs dos países nórdicos; neste manifesto é promovida a produção local, natural e da época: "pureza, simplicidade e frescura".

O Noma divide o seu menu em três estações distintas, de acordo com a típica meteorologia nórdica, qualquer coisa como isto: "Oceano" de Fevereiro a Maio, "Vegetais" de Junho a Setembro, e "Caça e Floresta" de Outubro a Janeiro; entre cada "estação" o restaurante fecha durante 3 semanas para preparar todo um novo menu e enquadramento/decoração.

Conseguir mesa não foi propriamente fácil, já que as mesas para cada estação são lançadas todas ao mesmo tempo e esgotam numa questão de minutos (ah, e no momento da reserva paga-se já o valor da refeição!). Nós tivemos imensa sorte uma vez que eu nos tinha colocado na lista de espera para jantar no sábado 26 de Março - já que íamos passar o fim de semana de aniversário do Tiago em Copenhaga, porque não?! - e dois dias antes recebi um mail a dizer que alguém tinha desistido!! (e depois de meia hora a clicar no link e a receber a mensagem de que já não havia mesas disponíveis, lá consegui).

O Noma está repartido numa série de edifícios semelhantes a estufas, junto à água, com patos e gansos fofos a passear. No exterior, junto ao primeiro edifício, temos empregados à nossa espera para nos receberem - e apercebemo-nos depois, para tirarem algumas notas que são depois partilhadas com os empregados que ficam dedicados à nossa mesa: coisas como "somos portugueses", "vivemos em Malmö", etc. Ao fundo de um caminho paralelo à água está uma lareira de exterior a arder mesmo em frente ao edifício principal onde se encontra o restaurante-propriamente-dito, e logo a seguir à foto-da-praxe à entrada da porta forrada a conchas (uma vez que estamos na estação "Oceano"), abrem-nos a porta, começando assim a "performance".

À semelhança da nossa ida ao Gastrologik, evitamos ao máximo estar constantemente a tirar fotos à comida, apesar da sua beleza e criatividade - dos 15 pratos servidos só fotografamos 4: caldo de caranguejo servido na sua carapaça, espetada de caracóis do mar, lagostim "desconstruído" e éclair salgado com espuma do mar e caviar (fotos abaixo). Destaque ainda para a carne de caranguejo com leite de avelã, a waffle com ovas de bacalhau e a sandwich de alga caramelizada com creme de um-qualquer-cacto. Além disso quer o pairing de vinhos, quer o pairing de bebidas não-alcoólicas, são maravilhosos.

Sim, é dispendioso - não vou referir valores até porque os preços estão no site para quem quiser ver - mas sendo que não estamos apenas a falar de uma refeição, e sim de toda uma experiência que efetivamente rompe com várias barreiras e nos coloca algo fora da nossa zona de conforto (a uns mais que a outros), acho que vale cada cêntimo.

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