Um novo regresso ao escritório | En ny återkomst till kontoret

Oitenta e oito semanas depois, a semana passada foi de regresso ao escritório: a minha última semana completa num escritório tinha sido a semana de 24 a 28 de Fevereiro de 2020, pré-Japão, em Melbourne.

Desde que comecei a trabalhar em Estocolmo tinha visitado o escritório duas vezes, as duas na minha primeira semana de trabalho em finais de Fevereiro. E agora que voltei ao escritório, parece que sou uma intrusa numa casa que não é a minha, ainda a descobrir quem é quem - associar as vozes às caras, onde é que estão as canecas para o chá, onde é que é a sala de reunião Reykjavik (muitas das salas têm nomes de capitais nórdicas), onde é que posso encontrar canetas/cadernos, onde é que estão os cestos da reciclagem, etc etc etc.

Os colegas recém-regressados, e eu incluída!, estão todos um misto de excitados-irritados. O ser-humano é de facto um ser de hábitos, e o que ao início foi estranho - estar a trabalhar 100% a partir de casa, tornou-se entretanto normal, e agora essa normalidade foi outra vez perturbada com o regresso ao escritório (falo obviamente do caso de pessoas sem filhos ou com filhos já crescidos, e que não tinham de conciliar trabalho com crianças/escola online).

A sensação de menor produtividade é partilhada por todos. A dificuldade de concentração idem - aqui eu tenho alguma vantagem porque o facto de ter colegas à minha volta a falar sueco não me perturba em nada, já que não os percebo ahah. Mas o pior de tudo é a queixa do ir para o escritório/regressar a casa, ou seja, o tempo que se passa nos transportes/trânsito e principalmente a questão de se partilhar os transportes com muita gente e onde ninguém usa máscara (as recomendações do governo sueco já nada falam sobre o uso de máscaras há bastante tempo).

Felizmente a empresa está a implementar a hipótese dos colaboradores optarem por um regime de trabalho flexível em que temos de estar no escritório no mínimo dois dias por semana, sendo que o balanço ao final do ano deve ser 50% escritório / 50% casa (quem não quiser este regime pode voltar ao escritório a 100%), o que, pelo menos no meu caso, facilitou muito o regresso.

Na primeira ida ao escritório cheguei a casa completamente k.o., "caí" no sofá onde adormeci às seis da tarde, e acordei com desejos de indiano passado uma hora - estava exausta como já não me sentia há muito-muito tempo!! Na segunda ida já não foi tão mau, e acredito que a partir de agora será sempre mais fácil até se tornar outra vez normal - ou até voltar tudo para casa na crista de uma nova onde de casos que já parece estar à vista.