Por Tóquio | 東京周辺


Como dizer isto sem soar exagerada?! 

O Japão é simplesmente incrível!
  • A cultura: O Japão fechou-se a influências externas entre 1603 e 1868 (período Edo), o que fez com que desenvolvesse uma cultura local MUITO forte.
  • A comida: Sushi, ramen, tempura, sopa de miso, tonkatsu de porco (costeleta de porco frita e panada), gyozas, yakitori (espetadas de frango), bife wagyu, e a lista continua (sem esquecer a cadeia de lojas de conveniência 7-Eleven).
  • As pessoas: São tão gentis e educadas em sociedade, mas depois têm uma faceta bem "interessante" na sua vida privada...
  • A diversidade: Ao contrário do que muita gente pensa o Japão é um país super diversificado - desde a que é considerada por muitos como a melhor neve do planeta (para desportos de neve), até às praias paradisíacas nas ilhas sul, a passar por uma das metrópoles mais modernas do mundo, Tóquio.
Esta primeira viagem foi apenas isso, a primeira viagem (espero eu!!). Uma primeira abordagem a este país tão mágico e diferente. Vou deixar aqui no blog uma sugestão de roteiro, começando por Tóquio, passando por Quioto e terminando em Nozawa Onsen.


Dia 1 (Tóquio)

Antes de tudo no aeroporto há que 1) comprar um cartão de dados para o telemóvel, 2) levantar dinheiro e 3) comprar um Welcome Suica (ou um Pasmo Passport ou um Suica ou um Pasmo) - todos estes são cartões recarregáveis que podem ser usados em praticamente todos os transportes e cidades (excluindo comboios de longo curso), bem como certas lojas de conveniência.

Também podem levantar o voucher do JR Pass no aeroporto (nós pedimos para o nosso ser entregue no hotel), que depois tem de ser trocado pelo passe propriamente dito numa estação de comboio. Este passe é a melhor opção para turistas que vão fazer mais de duas viagens de longo curso de comboio e convém ser adquirido antes (acho que é possível adquiri-lo já no Japão mas fica bem mais caro!). 

Nós também já tínhamos um shuttle marcado do aeroporto de Narita até ao nosso hotel (a localização escolhida foi Shinbashi): o aeroporto fica a 70km de Tóquio e há várias opções para chegar à cidade.

Depois do check-in no hotel foi altura de ir passear para Ginza, uma das áreas para compras mais famosas do mundo (à semelhança da Fifth Avenue em Nova Iorque ou dos Champs-Élysées em Paris). É uma área relativamente compacta que se faz muito bem a pé.

Alguns dos destaques:
- Chuo-Dori, a avenida "principal" da zona.
- Ginza Six, um centro comercial com algumas das melhores marcas do mundo, mas melhor do que isso (para mim) com uma livraria lindíssima - Tsutaya Books, e um maravilhoso jardim no terraço com vistas para toda a área.
- Ginza Mitsukoshi, com a melhor depachika (zona de restauração com comida já preparada para take-away) com que nos deparamos em Tóquio. Também foi aqui a nossa primeira refeição: um pork tonkatsu delicioso no Washin Tonkatsu no 11.º andar.
- Itoya, a papelaria mais completa que já visitamos (são só 10 andares).
- Para os fãs de Kit-Kat encontram aqui na área uma Kit-Kat Chocolatory com edições limitadas de KK que só mesmo aqui: sake (a bebida alcoólica destilada do arroz), um chá que usam no Japão que sabe a cinzeiro (não sei o nome do chá mas acreditem em mim quando vos digo que o chá sabe MESMO a cinzeiro), chá-verde-obviamente, todas as frutas possíveis e imaginárias (incluindo pêssego e framboesa), etc etc etc.

Ao final do dia estávamos tão cansados que caímos na cama às 18:30 e nem jantamos: o plano era ir jantar ao Mugi to Olive (um ramen cujo caldo leva azeite - considerado bastante exótico por estes lados).


Dia 2 (Tóquio)

Pequeno-almoço no hotel (o hotel tinha um pequeno-almoço muito bom, 40% ocidental / 60% japonês).

Manhã por Aoyama, que se tornou um dos nossos bairros favoritos da cidade.

Alguns dos destaques:
- Museu Nezu. Infelizmente chegamos lá e estava fechado (foi precisamente neste fim de semana que o Governo japonês decidiu fechar os museus), mas caso contrário o plano era beber um sumo de yuzu quente (yuzu é um citrino japonês) no café do museu a olhar para o que dizem ser um jardim lindíssimo. E já agora visitar o museu :)
- Percorrer a avenida Omote-sando que tem alguma da melhor arquitectura da cidade!
- Fazer uma pausa para um café no Shozo Coffee, um café pequenino mas super amoroso inserido na Commune 2nd, um agrupamento de lojas e espaços para comer/beber, com uma vibe super hipster.
- Para os souvenirs: loja de chopsticks Hashi Ginza Natsuno Aoyama onde encontram milhares (!) de pauzinhos de todas as cores, feitios, tamanhos e preços; KiddyLand com os seus brinquedos, peluches e legos.
- Almoçar no Harajuku Gyoza Lou, onde há filas frequentes para se comer gyozas (as melhores da minha vida) ao balcão.

Hora de ir para West Tokyo (de metro), mais concretamente Kichijoji: esta zona é frequentemente votada como o melhor sítio para viver em Tóquio. Em Kichijoji tínhamos a nossa primeira food tour com a Ninja Food Tours, mas antes disso ainda fomos passear ao jardim Inokashira-koen, que por ser domingo estava cheio de locais a gozar as suas últimas horas de fim-de-semana, enquanto pedalavam gaivotas no lago.

A food tour que se seguiu foi maravilhosa!! A Amanda, canadense a viver há 5 anos em Tóquio levou-nos a 4 sítios incríveis - e com comida deliciosa - incluindo um restaurante super tradicional na Harmonica Alley (um labirinto de vielas), em que comemos sentados no chão (descalços, sentados no tatami e com mesas baixas), em que toda a comida era o que eles chamam "comida da avó" - e onde não havia uma única indicação em inglês - nem ninguém falava inglês obviamente.


Dia 3 (Tóquio)

Pequeno-almoço no hotel.

O nosso único dia de chuva em Tóquio e resolvemos começá-lo num jardim: os jardins orientais têm um certo encanto com chuva :) Fomos então ao Hama-rikyu Onshiteien, em Shiodome, um jardim lindíssimo com lagos e diversas casas de chá (infelizmente fechadas) e onde vimos as nossas primeiras cerejeiras em flor do Japão!

Em seguida fomos a pé até Tsukiji para almoçar no famoso mercado. O mercado principal de peixe mudou há uns tempos para Toyosu, mas o Tsukiji continua a ser local de peregrinação para quem quer comer bom sushi e a um bom preço: foi aqui que tivemos a nossa inesquecível experiência "sushi train" no Sushi Zanmai.

Ainda passamos no teatro Kabukiza, o mais célebre teatro de kabuki em Tóquio (kabuki é uma forma de teatro japonês bastante dramática e extravagante, em que todos os papéis, independentemente de serem papéis masculinos ou femininos, são interpretados por homens). Na cave deste teatro, a caminho da entrada para a estação de metro Higashi-ginza há um mercado muito giro para souvenirs!

(O plano inicial era apanhar a linha "elevada" de Yurikamome e ir para Odaiba visitar o museu de arte digital Temlab Borderless, com as suas instalações interactivas. Infelizmente o museu estava também fechado - nós tínhamos comprado os bilhetes online pelo que fomos avisados atempadamente e reembolsados.)

Fomos então para Akihabara, a capital da cultura pop de Tóquio, o centro da subcultura geek: luzes neon, lojas de electrónica, arcadas de jogos, manga-manga-manga, anime-anime-anime: o complexo Mandarake, Don Quijote e a arcada da SEGA são excelentes sítios para experimentar a vibe local.

Acabamos por jantar num restaurante especializado em churrasco chamado Gyu Kaku (em Shinbashi), recomendado por um dos receptionistas do nosso hotel - e que boa recomendação. O restaurante só tinha locais mas felizmente tinha o menu em inglês. Pedia-se o que se queria através de um tablet e depois cozinhávamos nós na grelha da mesa: e aquele bife wagyu era qualquer coisa...


Dia 4 (Tóquio)

Pequeno-almoço no hotel.

Começamos o dia em Asakusa, provavelmente a zona mais turística de Tóquio (por motivos mais que merecidos), com uma free tour de 2 horas com a Tokyo Localized.

Alguns dos destaques:
- A Kaminari-mon (porta do trovão) e a arcada comercial Nakamise-dori (com lojinhas com muito bom aspecto!!), que segundo a nossa guia nunca esteve tão vazia como agora (efeitos do coronavírus), com uma atmosfera de um Japão "do antigamente".
- Templo Senjo-ji, templo budista e o mais antigo templo da cidade - lindíssimo.
- Mais destaques do recinto:
  • um pequeno templo xintoísta onde assistimos à cerimónia da benção de um pelotão de polícias (o budismo e o xintoísmo andam muito de mãos dadas no Japão)
  • a "pagoda dos cinco andares" (a segunda mais alta do Japão)
  • um caldeirão gigante de incenso: o fumo tem supostamente propriedades benéficas pelo que nos dedicamos a "espalhá-lo" pelo nosso corpo - com destaque para a cabeça
  • e ainda tivemos tempo para "tirar" a nossa fortuna (mais detalhes aqui)
Em seguida fomos almoçar à que é considerada por muitos uma instituição de Yanesen (Yanaka + Nezu + Sendagi). Fomos ao Hantei comer umas espetadinhas de kushiage - carne, peixe, vegetais fritos. A comida era muito boa mas o grande destaque foi para o ambiente do restaurante.

O resto da tarde foi passado por Yanaka, uma área em que definitivamente nos esquecemos que estamos em Tóquio. A atmosfera de Yanaka é super old-school, casas antigas de madeira, dezenas de cemitérios budistas, dezenas de templos xintoístas e muitos velhinhos de bicicleta. Vale a pena ir caminhando e descobrindo, e parar para descansar um pouco no Hagi Cafe.

Dia de jantar ramen no Ichiran Shinbashi - sem dúvida uma das nossas experiências gastronómicas favoritas de Tóquio!! A seguir ainda fomos dar umas voltas por Shinbashi - todos aqueles neons não dão vontade de ir dormir.


Dia 5 (Tóquio)

Pequeno-almoço no hotel.

Esperáva-nos um dia bem intenso uma vez que eu resolvi marcar para o nosso último dia em Tóquio uma walking tour de 6 horas... Sim... O #fomo (fear of missing out) falou mais alto, e como Tóquio é ENORME e com TANTA coisa para fazer, quis confiar em quem sabe :) A tour só começava às 15:30, pelo que a manhã prometia ser mais sossegada (kind of...) .

Começamos o dia em Nakameguro com um delicioso café no Onibus Coffee Nakameguro (Melbourne é a capital mundial do café, mas Tóquio não está nada mal!). 

Depois fomos passear pelo canal de Meguro-gawa - na época das cerejeiras em flor deve ser qualquer coisa, e acabamos por ir parar a Daikanyama, mais concretamente ao Daikanyama T-site, que entre várias coisas tem um salão para cães com umas janelas enormes para os "mirones", e tem uma livraria Tsutaya incrível dividida em três edifícios de acordo com os temas dos livros - dá vontade de ficar aqui o dia todo, numa poltrona, a beber café e a desfolhar livros (sim, a maioria são japoneses mas têm alguns em inglês).

O almoço foi um hambúrguer de carne wagyu no Henry's Burger Daikanyama - uma forma bem mais económica de comer esta carne tão deliciosa.

Antes da tour ainda quisemos ter aquela-experiência-super-turística-mas-só-em-Tóquio e fomos ao Cat Cafe Mocha Harajuku - um espaço cheio de gatinhos fofos e que não estavam nem aí para nós ah-ah. Foi giro (os gatos japoneses são bem diferentes dos europeus, principalmente nas orelhas e tamanho das patinhas) mas para mim foi uma daquelas coisas que só faço uma vez na vida. Neste café em específico os gatos estavam super bem tratados, com imenso espaço, inclusivé com acesso a uma sala só para eles caso estejam fartos dos humanos, e a verdade é que éramos poucos humanos - mas duvido muito que todos os cafés do género sejam assim...

E às 15:30 chegou a hora da nossa tour com a The Backstreet Guides! Com a Mayo fomos a Shibuya, Harajuku, Shinjuku e Roppongi. Tínhamos a Mayo só para nós e aprendemos imenso!!!

Destaque para:
- O templo Meiji-jingu, o maior e mais famoso templo xintoísta da cidade; para chegar até ele é preciso percorrer a pé um caminho dentro de uma "floresta" plantada por pessoas de todo o país; estou completamente rendida à simplicidade dos templos xintoístas, e este conquistou-me pela sua sobriedade.
- Harajuku Takeshita e a Cat Street com dezenas de boutiques vintage e lojas de disfarces/fantasias (Harajuku é considerada um laboratório de street-fashion e é o local de nascimento do kawaii - fofinho&lindinho e do estilo "Lolita").
- "A" passadeira de Shibuya: provavelmente uma das passadeiras mais famosas do mundo e um "postal" de Tóquio.
- Shinjuku não tem só uma das estações de comboio/metro mais movimentadas do mundo; Shinjuku é o centro da vida noturna de Tóquio, com uma quantidade infinita de luzes, bares, salas de karaoke e espaços de diversão noturna.
- Kabukicho e a sua diversão-mais-para-adultos.
- Roppongi Hills e a fantástica vista / foto para a Torre de Tóquio (sim, parece a Torre Eiffel porque foi inspirada na Torre Eiffel, mas é 13m mais alta e vermelha, e é um símbolo do Japão pós-guerra).
- Uma ida a Tóquio sem uma visita a uma yokocho não está completa. Os yokocho são vielas tradicionais repletas de bares muito pequeninos (a capacidade máxima é entre 4 a 10 pessoas). A maioria dos yokocho são pós-Segunda Guerra Mundial quando funcionavam como mercados negros. Os meus 3 favoritos por ordem de preferência: Nonbei Yokocho (Drunkard's Alley) mesmo "ali ao lado" da passadeira de Shibuya; Golden Gai em Kabukicho, provavelmente o mais popular e turístico: são 270 bares minúsculos em 6 vielas que mais parecem um labirinto; Omoide Yokocho (Memory Lane aka the Piss Alley) em Shinjuku West. 




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Já planeado para a próxima vez :)
- Museu Nezu
- Museu de arte digital Temlab Borderless, sem esquecer a experiência En Teahouse
- Ir ver um torneio de sumo caso seja época do mesmo (em Tóquio só há torneios em Janeiro, Maio e Setembro)
- Purikura no Mecca - uma daquelas cabines fotográficas em que é possível "embelezar" as fotografias à moda japonesa
- Gen Yamamoto cocktail bar (8 lugares; só se pode marcar com uma semana de antecedência e por telefone)
- Ramen no Afuri em Ebisu 
- Pork tonkatsu no Tonkatsu Tonki em Meguro
- Bife Wagyu no Shima em Ginza

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