Novos-pais | Nyblivna föräldrar

Com cada bebé nasce também uma mãe e um pai. E se haverá coisas instintivas (dizem), a grande maioria não o será (minha opinião, eu que tinha zero exposição a recém-nascidos).

Esta nossa aventura como novos-pais tem sido um mix entre cansaço, lágrimas (minhas essencialmente uma vez que os recém-nascidos ainda não produzem lágrimas), frustração e preocupação constante E encantamento, magia, compromisso e amor incondicional. Ou seja, uma autêntica montanha-russa de emoções (se eu ganhasse 5 euros por cada vez que novos-pais usam esta expressão, a Aurora já teria uma conta-poupança porreira ahah).

O que foi mais fácil do que estava à espera:

- Quando saí do hospital já não parecia grávida e duas semanas pós-parto já estava "eu" outra vez - e um pedaço mais magra do que antes de ter engravidado. (Um pedaço desta perda de peso é sem dúvida massa muscular, pelo que já estou de volta aos meus treinos com a Daniela, ainda que de uma forma leve. E se no início do pós-parto tinha muito pouco apetite, agora ando faminta!!)
- Tirando alguma falta de mobilidade pós-cesariana, principalmente na primeira semana, não tive necessidade de recorrer a morfina para as dores, e passados 3 dias de estar em casa já fazia caminhadas ligeiras pelo bairro.

O que foi mais difícil do que estava à espera:

- Andei muito pouco hormonal durante a gravidez mas as duas semanas pós-parto foram explosivas!! Chorava de alegria só de olhar para a Aurora, chorava de tristeza porque a Aurora estava a chorar, chorava porque sim e chorava porque não. As duas primeiras semanas também foram bem recheadas de momentos de dúvida e ansiedade: será que eu sou capaz?, será que estou a ser uma boa mãe? E estas dúvidas ainda vão surgindo de forma sorrateira mais vezes do que desejava.
- A amamentação pode ser muito dura: não é por ser algo natural que é necessariamente fácil! A pega do bebé, o formato dos mamilos (mamilos achatados ou até invertidos), dores por causa de mamilos fendidos e gretados, falta de informação e/ou apoio, para além de que dependendo do bebé/dia/situação pode-se passar horas e horas e horas a amamentar. Felizmente tive duas consultas de amamentação nas primeiras duas semanas que ajudaram muito; infelizmente toda a gente tem sempre qualquer coisa a dizer acerca da amamentação, mesmo sem o conhecimento para isso. (E o que eu "paniquei" quando o leite começou a subir e eu parecia que tinha pedras nas mamas!)
- A privação do sono... Comigo não tem sido tanto a privação do sono (dou-me relativamente ok com poucas horas de sono durante algum tempo - sim ando muito cansada mas continuo funcional) mas o já não ter posição para amamentar no sofá. Tanto que já mandei vir um cadeirão que acredito (espero!!) vá tornar as minhas noites a amamentar mais confortáveis.
- Não tinha consciência de quanto colo um recém-nascido precisa. Muito colo, muita mama, muito baby sling. E de quão difícil (impossível?!) é colocá-los a dormir em outra superfície que não seja colo/mama/baby sling.
- Gosto de pensar que tal como nós há milhares de novos-pais também a aprender e a fazer o melhor que podem/sabem. Mas mesmo assim às vezes cai sobre mim um sentimento de solidão, como se só eu estivesse a passar por isto, só eu estivesse com estas dúvidas e inseguranças e medos.
- Nesta fase inicial parece que estou presa num ciclo sem fim em que a rotina do recém-nascido é comer, dormir, sujar a fralda, repete - ah, e com várias crises de choro pelo meio. 

O melhor de tudo:

- Tê-la a dormir no meu colo/peito e apreciar toda e qualquer expressão, movimento dos braços/mãos/pernas, como ela altera a posição da boca e sorri/faz beicinho, os sons que ela faz, etc. 
- O cheiro dela. 
- Quão macia é a pele dela.
- Simplesmente adoro ver a interação da Aurora com o Tiago.

O mais duro de tudo: 

- Sentir confiança para navegar toda e qualquer situação neste novo papel de mãe tem demorado algum tempo. Principalmente a preocupação de como acalmar a Aurora quando ela chora freneticamente e aparentemente sem razão (as misteriosas - e “desculpa” para tudo - das cólicas), e a preocupação de como lidar com ela em público quando sozinha. A confiança é um músculo a ser treinado pouco-a-pouco, dia-a-dia.



O poder das palavras:
Durante a primeira semana estávamos na fase do encantamento com algum “choque” à mistura.
Na segunda semana eu dizia que estávamos na luta e a sobreviver um dia de cada vez - cheguei a desconfiar se não estaria ali a iniciar uma depressão pós-parto. Felizmente não passou de “baby blues”, mas consigo compreender perfeitamente como é fácil entrar em depressão nesta fase tão desafiante (outra das expressões mais usadas por novos-pais).
Na terceira semana mudamos o chip e começamos a dizer que estávamos em missão! E ao ir da luta para a missão, as coisas começaram a mudar de perspectiva... Isso e o facto de termos aceitado que a Aurora é quem nos conduz nesta viagem, e nós só existimos para a fazer feliz :)
Não desvalorizem o poder das palavras e o impacto que as mesmas têm, principalmente quando são direcionadas a quem se sente como trapezistas sem rede.


"Nestes primeiros tempos tens de ter apenas três preocupações: 1. alimentar o baby, 2. alimentares-te a ti, 3. dares banho a um de vocês de vez em quando :)"

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