Gravidez, parto e pós-parto na Suécia | Graviditet, förlossning och förlossning i Sverige

Tenho recebido algumas questões acerca de como se “processam” a gravidez, o parto e o pós-parto aqui pela Suécia. Deixo-vos a minha experiência/o que sei, em traços gerais.

Aquando da descoberta da gravidez temos de nos inscrever num MVC (Mödravårdscentral), um centro de cuidado materno, à nossa escolha. É aqui que somos acompanhadas durante toda a gravidez (e sempre pela mesma midwife). No terceiro trimestre escolhemos também o local para o parto junto com a nossa enfermeira-parteira.

As enfermeiras-parteiras são quem acompanha a gravidez, o parto e o pós-parto. Consultas com a obstetra só acontecem em casos específicos em que haja razão médica (eu tive uma, por exemplo, por causa da minha tensão ligeiramente alta já pré-gravidez). Também só estão presentes em cesarianas ou partos vaginais com alguma complicação. Mesmo as ecografias de rotina são feitas por técnicas especializadas; só em casos muito específicos é que são feitas pela obstetra.

Tudo é público, não há maternidades privadas. Em Malmö pagam-se 130 sek por noite (menos de 13€) na maternidade para cobrir parte dos custos com a alimentação.

Todas as consultas, exames e ecografias que fazem parte do plano standard não implicam pagamento. Há quem se queixe que são feitas poucas ecografias mas pode-se sempre pagar por ecografias extra (eu fiz mais do que as do plano standard, sem pagar, porque a Aurora sempre foi pequena - principalmente quando comparada com um bebé sueco).

O peso médio de um bebé sueco são 3,5kg. Conheço vários bebés de suecos que nasceram na casa dos 4kg!!

É possível fazer partos em casa mediante certas condições de segurança.

Vários hospitais já têm algumas piscinas disponíveis para quem quiser ter o parto dentro de água em ambiente hospitalar (Malmö já tem). Mesmo quem não quer passar a fase de expulsão dentro de água pode usar a piscina para “relaxar” numa fase inicial.

Doulas. É possível ter uma doula connosco durante o parto. Nós fizemos um curso de preparação para o parto em casa com uma, mas não sentimos necessidade em tê-la connosco durante o mesmo.

É esperado que escrevamos uma carta com os nossos desejos/medos/expectativas para o parto, a ser entregue à equipa médica.

Aqui são grandes defensores do parto vaginal, pele-com-pele e amamentação:
  • Menos de 20% dos partos são cesarianas, e não podemos escolher ter uma. A Aurora não virou e tivemos de tentar a manobra de versão cefálica externa antes de podermos optar pela cesariana - e se quisesse podia ter optado por parto vaginal mesmo com ela sentada. Há inclusive um hospital no sul da Suécia (e outro em Estocolmo) com uma equipa especializada em partos vaginais cujos bebés se encontram com os pés em baixo.
  • A primeira roupa que a Aurora vestiu foram apenas passados dois dias quando fomos para casa - estivemos pele-com-pele o tempo todo.
  • “O bebé deve mamar quando quer, não quando a mãe quer, com a condição de mamar no mínimo de 3 em 3 horas” - isto se optarmos pela amamentação. Consultas de amamentação na maternidade: nós fomos a três - na segunda semana para aprender a técnica, na terceira semana por causa dos meus mamilos feridos, e na oitava semana para rever a minha técnica e aprender mais acerca de bombar leite em caso de necessidade. Durante o primeiro mês as consultas de amamentação são grátis e depois custam 200 sek (menos de 20€).
Crianças nascidas na Suécia têm a nacionalidade dos pais, e se os pais são cidadãos de um país fora da EU ou EEA, têm de pedir uma licença de residência para a criança.

É na maternidade que iniciam o processo de pedido de número de identificação fiscal sueco: antes de sairmos do hospital já nos dão o número pessoal do bebé.

Durante os primeiros dias em casa somos contactados telefonicamente por enfermeiras-parteiras da maternidade para saberem como está tudo a correr (conversas de cerca de 45 minutos) - em caso de necessidade elas vão a casa.

Durante a primeira semana de vida do bebé a maternidade é a responsável. A partir daqui é o BVC (Barnavårdscentralen), um centro de saúde para crianças até aos 5 anos. Podemos escolher o BVC que quisermos. É no BVC que temos consultas/pesagens/vacinas, tudo relacionado com o baby.

No final do segundo mês pós-parto tem-se a última consulta com a enfermeira-parteira do MVC para se discutir, entre outras coisas, saúde mental. Também no BVC por esta altura tem-se a chamada “conversa com a mãe” para se discutir igualmente saúde mental. A “conversa com o pai” no BVC acontece no quarto mês.

Na Suécia existem umas "caixas para bebé" grátis, com algumas amostras de produtos e coupons muito interessantes. Baby Box, Libero Startbox e Babypaket são 3 exemplos. No MVC também dão uma “caixa” no final da gravidez.

Licença na Suécia: 10 dias aquando do parto + 480 dias licença (2 bebés - 660 dias, 3 - 840, 4 - 1 020 dias). No caso dos 480 dias, 390 são pagos a 80% do salário com um teto máximo (várias empresas dão 10% adicionais), e os restantes 90 dias são pagos 225 sek por dia (menos de 23€). Estes dias podem ser guardados e gozados até aos 9 anos da criança.
Licença na Dinamarca (uma vez que eu trabalho na Dinamarca): 4 semanas antes do nascimento para a mãe, mais 24 semanas para cada um dos pais (se ambos trabalharem na Dinamarca), mais a possibilidade de 13 semanas adicionais. As 4+24 são pagas a 100% (e geralmente pela empresa) e as restantes 13 são pagas pela Udbetaling dinamarquesa, um determinado valor diário com base no salário.
O Tiago tem de descontar os dias que eu tiro e vice-versa.

Aqui não fazem avaliação pélvica "activa" a grávidas - tive de a fazer numa visita a Portugal: na Suécia ajudam a corrigir o problema, pós-parto, se o mesmo existir. Além disso a Suécia é o único país nórdico que só permite o tratamento osteopático de crianças acima dos 8 anos de idade (se quisermos temos de ir a Copenhaga).

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