Lapónia no inverno (II) | Lappi talvella (II)

Mais inspiração para umas férias pela Lapónia finlandesa (parte I aqui):

Trenós puxados por huskies do Alaska

Os huskies do Alasca são o produto de décadas e décadas de uma seleção cuidada baseada em raças com as características necessárias para a performance em temperaturas negativas: estes cães são campeões em resistência, velocidade e inteligência. A seleção e treino cuidadoso destes cães é crucial, já que eles podem viajar até cerca de 130 km por dia, e a uma velocidade média de 32 km/h durante distâncias de até 40 km de cada vez.

O latir dos cães pré-partida fruto da excitação versus o silêncio durante a corrida tal é a sua concentração, ainda me continua a fascinar. Eles só querem é correr! É ver a felicidade deles enquanto correm, a mastigar a neve, e a rebolar na mesma quando param. São autênticos desportistas de alta competição que adoram receber festas após as corridas.

Estes trenós puxados por huskies combinam uma forma tradicional de viajar, com a possibilidade de interagir com estes cães super trabalhadores, sociais e curiosos. E mais uma vez o cenário era encantador!

Ranua Wildlife Park

A cerca de 1h de Rovaniemi fica o parque/santuário de Ranua, focado em espécies domésticas e do Ártico. O espaço para cada espécie/animal é imenso, e imita perfeitamente o seu habitat natural por forma a que se sintam em casa. Alguns destaques: a ursa polar Vénus - que deu o ar da sua graça três vezes (ela tem imenso espaço e felizmente quase que é preciso binóculos para vê-la ao perto), os dholes, o lince a fazer a sua sesta, o wolverine super curioso e em constante movimento, e os lobos sempre em matilha. Tive muita pena de não ter conseguido ver as raposas do Ártico, mas estavam recolhidas :)

A natureza do Ártico é vulnerável e os efeitos das alterações climáticas são particularmente catastróficos na região: muitos dos animais que vivem neste parque estão, tragicamente, em risco de desaparecer da natureza. O Ranua Wildlife Park faz parte do European Endangered Species Program (EEP), bem como do European StudBook (ESB), por forma a não deixar extinguir estes magníficos animais.

Além disso são muitos os animais feridos que são trazidos até aqui para serem recuperados; se não estiverem em condições para serem libertados na natureza ficam aqui a viver - como é o caso de várias aves (mochos e corujas essencialmente) que perderam a capacidade de voar.

As renas

As renas têm estatuto de estrela na Lapónia finlandesa. E eu rendida!! Todas as renas da Finlândia pertencem a alguém - a identificação do seu "dono" está nas orelhas das renas - havendo cerca de 200 000 renas na Lapónia (curiosidade: vivem na Lapónia finlandesa cerca de 160 000 pessoas; há portanto mais renas que humanos). A população de renas é mantida na casa das 200 000, por uma questão de espaço/comida disponível na floresta (dizem os criadores). São abatidas as renas mais velhas/que dificilmente sobreviverão na natureza, e são essas renas que acabam no nosso prato - a carne de rena não será a mais saborosa do mundo (minha opinião) mas é muito saudável, com muita proteína e pouca gordura.

As renas passam grande parte do ano em liberdade pela floresta, e são "recolhidas" apenas em determinadas alturas do ano: para se verificar o seu estado de saúde, ou então no inverno por causa da escassez de comida na floresta, por exemplo. A criação e o "pastoreio" de renas são parte integrante da cultura Sami. Durante séculos as renas foram a força vital do povo Sami: estes animais forneciam transporte, bem como calor e nutrição no desafiante clima do Ártico. A criação de renas ainda é um importante meio de subsistência para muitos na região e é considerada uma tradição importante a manter viva.

Uma visita a uma quinta de renas Sami é uma experiência única para aprender mais sobre este elemento da cultura da Lapónia: nós fomos à maior e mais antiga da zona de Rovaniemi, e que conta com cerca de 200 renas. Participamos numa cerimónia com um xamã (no futuro reencarnaremos como renas), fizemos um curto passeio num trenó puxado a renas (e obtivemos carta de condução de renas que tem de ser renovada a cada 5 anos - sim temos um documento com a nossa impressão digital e tudo ahah), e alimentamos estes fofos com líquenes, que é um petisco para eles.

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