A aventura da comida | Matäventyret
Apesar de ter começado a viajar regularmente a partir da tenra idade de 6 anos, logo com exposição a 'comida do mundo' desde bastante nova, só lá pelo início dos meus 20s é que comecei realmente a apreciar gastronomia que não a portuguesa (excluindo fast food americana e italiana).
Ainda tenho uma certa memória da primeira vez que vi um buffet de pequeno-almoço 'tipo inglês' com ovos e salsicha e bacon e feijão e cogumelos/tomate grelhado, e quão escandalizada eu fiquei. Ou a primeira vez que vi duas irmãs espanholas a comerem tostas com manteiga e mel ao pequeno-almoço num qualquer hotel - depois da minha desconfiança inicial provei e fiquei viciada.
Durante a minha infância/pré-adolescência/adolescência 'sobrevivia' durante as férias com pão e manteiga, leite e cereais, fruta, sopa, e pouco mais. A minha mãe promovia que eu experimentasse tudo mas não fazia grandes dramas se eu não gostasse... Afinal estávamos as duas de férias e ninguém se queria chatear (e uma 'dietinha' de duas semanas não me ía matar e não!).
Algumas memórias:
- Na minha primeira visita à Escandinávia, tinha eu 13 anos, não gostava de salmão, que é só provavelmente o peixe mais consumido. Sendo assim fui a única do grupo a ter a oportunidade de comer bacalhau - só que fresco! E não foi terrível.
- Das minhas férias na Turquia, com 14 anos, só me lembro de comer lokum (gomas turcas) e chá de romã.
- A primeira vez que experimentei sushi, com 16 anos - tenho a ideia de que foi no primeiro restaurante de sushi no Porto e que já não existe - foi horrível! Tentei mastigar o menos possível e engolir tudo o mais rapidamente que conseguia, regado a muito-muito chá. Passado uns anos voltei a tentar e não gostar; e mais tarde a mesma coisa. Até que um dia, em 2013, em Las Vegas, comi o sushi que me mudou :)
- Quando fui ao México, com 17 anos, não consegui apreciar, de todo, a maravilhosa comida mexicana. Consegui passar duas semanas sem comer enchiladas, tamales, guacamole, quesadillas, etc etc.
- Sobrevivi as minhas férias no Egipto, já com 18 anos, a comer mangas - as melhores mangas da minha vida! O meu almoço e jantar eram mangas acabadas de "espremer" - um batido de mangas delicioso que me matava toda e qualquer fome.
- A minha primeira experiência com bife tártaro não foi de todo fácil. Afinal porquê comer carne crua?? Tinha vinte-e-poucos anos e foi num restaurante russo algures no Cais de Gaia, e detestei. Depois de três anos na Suécia, onde fazem bife tártaro de-li-ci-o-so, fico feliz por não me ter fechado ao insucesso da primeira tentativa.
Hoje em dia não é nada normal experimentar algo novo - que ainda acontece com alguma regularidade tal é a oferta de comida do mundo!! - e não gostar. Obviamente não gosto de TUDO: não como arroz de cabidela nem papas de sarrabulho (por causa do sangue), não como tripas/orelheira/patas de galinha (por causa da textura), não como coelho (nunca! jamais!), entre outras coisas. Mas gosto muito de ter a oportunidade de experimentar novos sabores, novas combinações, novos métodos. Posso não adorar, mas pelo menos experimento, e muito dificilmente me ouvirão a dizer que não gosto sem experimentar primeiro.
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