Destinos de viagem controversos | Kontroversiella resmål

Nunca tinha pensado seriamente nesta questão até em conversa com a minha chefe de origem iraniana, a propósito da minha última viagem aos EUA, ela ter comentado que dada a tumultuosa relação EUA-Irão, os EUA estão bem no fim da lista de países que ela quer visitar.

E pensando bem eu também tenho alguns destinos "turísticos" que por razões mais ou menos óbvias - para mim - não constam da minha lista de países a visitar (e isto independentemente de todos os louvores quanto à sua beleza/hospitalidade/cultura/etc), entre os quais: Rússia - ainda antes da invasão da Ucrânia, e mesmo tendo o Tiago a tentar convencer-me a fazer o transiberiano (que deve ser incrível!), a Rússia sempre me deixou "fria"; Indonésia - porque ainda me lembro de uma Joana-criança a ver, sem perceber muito bem, o que estava a acontecer em Timor-Leste, e porque ainda não consegui apagar esse sentimento; Filipinas - a horrível realidade da exploração sexual das crianças nas Filipinas para mim não consegue superar, de todo, a beleza das suas praias; Israel - dada toda a situação com a Palestina; África do Sul - a África do Sul é um dos países mais perigosos do mundo para mulheres, com algumas das estatísticas mais horríficas no que diz respeito a violação e violência de género (um em cada quatro homens admitem terem cometido pelo menos uma violação ao longo da sua vida; 1/3 das mulheres foram abusadas sexualmente pelo menos uma vez durante a sua vida).

Depois de alguma "investigação", alguns dos destinos mais divisivos de uma forma geral são Rússia, China, EUA, Israel e Arábia Saudita. A estes acrescentam-se Emirados Árabes Unidos, Irão, Sri Lanka, Myanmar, Laos, Nepal, Vietname, Cambodja, Cuba. E Antártica. E Qatar. E quão mais lia, maior a lista se tornava - e se procurar bem provavelmente vou encontrar uma qualquer razão para não visitar mais de metade dos países deste mundo...

Mas há razões e há RAZÕES, e com toda a polémica em torno do mundial no Qatar, dei comigo a "estudar" o último Democracy Index (de 2021) - este índice tem em conta o processo eleitoral e pluralismo, o funcionamento do governo, a participação política, a cultura política e as liberdades civis. Segundo este índice apenas 21 países de 167 são democracias plenas - repito, 21 em 167 (estamos a falar de cerca de 6,4% da população mundial). Se às democracias plenas (21) adicionarmos as democracias imperfeitas (53) passamos a ter 74 países, cerca de 45,7% da população mundial. Como regimes híbridos temos 34 países (17,2% da população mundial) e como regimes autoritários temos 59 países - 37,1% da população mundial vive num regime autoritário. 

Apesar de todas as falhas apontadas a este índice (como a qualquer índice!), podemos usá-lo como uma referência: a Suécia encontra-se na posição 4, a Austrália na 9 e Portugal na 28. Não foi com grande espanto que encontrei alguns dos meus-queridos-países-que-já-visitei em alguns lugares "menos nobres": México (86), Tanzânia (93), Quénia (94), Marrocos (95), Turquia (103) e Egipto (132). E dois dos destinos que estão na minha wishlist também não estão no regime ideal - Butão (81) e Oman (130).

E o Qatar? Esse está no lugar 114.

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