Visitar a Islândia no Inverno | Heimsæktu Ísland á veturna

Nós decidimos visitar a Islândia em finais de Dezembro/inícios de Janeiro porque queríamos muito ter a experiência "inverno". 

Prós:

1. MUITO menos gente. Um país com cerca de 350 000 habitantes e em que pré-covid estava a receber praticamente 2 milhões de turistas por ano, era um país que nós queríamos evitar, principalmente dada toda a situação atual.

2. As míticas auroras boreais. Afinal nesta altura do ano "as noites" são beeeeem longas, uma vez que o sol nasce por volta das 11:00 e põe-se antes das 16:00. Eu inicialmente, e de forma bem inocente, pensava que bastava um céu bem escuro, sem nuvens, e perto ou acima do Círculo Polar Ártico (ou perto/abaixo do Círculo Polar Antártico, no caso das auroras austrais) mas afinal há uma série de outros factores como ventos solares etc etc etc, que influenciam este fenómeno da Natureza.

Dicas para uma melhor possibilidade de se verem auroras boreais:

  • Sair da cidade uma vez que a iluminação artificial não ajuda nada.
  • Procurar um céu bem escuro e com poucas nuvens: o primeiro passo é conseguir ver-se bem as estrelas.
  • Paciência, muita paciência... E roupa quente (mais acerca deste tema abaixo).
  • Existem sites/aplicações com a previsão das auroras boreais: não são infalíveis (de todo!) mas podem funcionar como uma referência.
  • Conhecer bem as funcionalidades da máquina fotográfica e se possível levar um tripé. E porquê?? Porque a maior parte das vezes só vamos conseguir ver as auroras na fotografia graças ao tempo de exposição. A olho nu vamos provavelmente ver apenas uma mancha tipo névoa. Ah, e não descartem imediatamente o telemóvel - o Tiago conseguiu tirar algumas fotos aceitáveis com o i-phone dele (exposição de 10 segundos).
Apesar de em todas as tours referirem que as auroras boreais são um fenómeno da Natureza e que portanto são imprevisíveis etc etc, e muitas tours oferecerem mais do que uma possibilidade de se verem as auroras boreais, quer-me parecer que o gabinete de Marketing do Turismo Islandês sabe "vender" muito bem as suas auroras... Por exemplo, o nosso guia Reynir (de Akureyri) disse-nos que em média, por inverno, há apenas cerca de 7 acontecimentos em que as auroras "ganham vida" e "dançam" a olho nu, tal programa da National Geographic (e como podem imaginar ele passa a vida a olhar para o céu, sempre atrás das auroras!).

3. Experimentar as piscinas naturais rodeadas de neve. Como sabem a Islândia é uma ilha vulcânica e o que não faltam são piscinas naturais maravilhosas, aquecidas pelo coração da Terra. Se há coisa que eu e o Tiago adoramos é estar de molho em águas bem quentinhas - quando essas águas quentinhas estão rodeadas de neve, então aí a magia acontece.

Importantíssimo: tomar sempre um banho antes de entrar na água. E o banho toma-se SEM fato-de-banho/bikini/calções, e como é óbvio um banho tem de incluir champô e gel de banho! Chama-se educação e respeito (nem me façam falar) uma vez que a maior parte das piscinas não são tratadas com químicos, logo a higiene pessoal de cada um é fundamental.

4. Neve, neve e neve. Mas esta neve dificilmente a vão encontrar em Reykjavík, arredores de Reykjavík  ou na costa sul - agora se rumarem a Akureyri e/ou Lago Mývatn, aí a história terá um final bem mais feliz :)


Contras:

1. Há que aceitar que no inverno estamos mais condicionados pela meteorologia, aliás, a nossa tour pela costa sul da ilha teve de ser cancelada por causa do mau tempo (coisas da mãe-Natureza). Além disso há diversas atividades que só acontecem na primavera/verão, por isso se têm alguma coisa muito específica em mente há que ver em que altura do ano essa coisa acontece. Ah, e não esquecer o facto dos dias serem bem curtinhos.

2. A possibilidade de alugar um carro/carrinha e dar a volta à ilha é BEM mais limitada nesta altura do ano (se não impossível) dado que várias estradas ficam cortadas por causa da neve e várias zonas ficam interditas. 

(Para os que não gostam de tours: façam uma tour! Os operadores islandeses sabem exatamente o que estão a fazer e estão informados/equipados/preparados para todas as eventualidades. Quão mais perigosa/radical a atividade, mais recomendada é a presença de um guia local).

3. Para visitar a Islândia no inverno há que levar muito a sério o ditado nórdico "não existe mau tempo, apenas roupa desadequada". Vai estar frio, vai chover, vai nevar (se tudo correr bem!), vai estar muito vento. Obrigatório: roupa interior térmica, calças/casaco/botas/luvas próprias para a neve. Proibido: calças de ganga/sapatilhas na neve. Se não têm a roupa adequada há que investir antes de ir (também podem comprar lá mas preparem-se para o choque dos preços...) porque com a roupa errada vão ter uma experiência bem desagradável.



Disclaimer: A Islândia é cara. Muito cara mesmo. E ainda não consegui sacudir a sensação de que é demasiado cara... Eu perceberia melhor esses preços se estivéssemos a falar de uma ilha com o acesso condicionado, em que existissem quotas à entrada, em que se "pagasse" por uma experiência sem multidões (apesar de nós termos conseguido ter essa experiência "sem multidões" em grande parte da viagem uma vez que viajamos em época baixa/fomos para o norte/covid19).
Percepções.

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