Falemos sobre opções | Let's talk about options


O nosso confinamento começou a 16 de Março - já lá vão 9 meses - aquando da nossa chegada do Japão.

Desde aí tivemos, creio eu, duas semanas sem confinamento em Melbourne (mesmo assim continuamos a trabalhar a partir de casa), até que os casos voltaram novamente a subir e voltou tudo para casa outra vez. E assim foi até dia 10 de Outubro, dia em que regressamos para Portugal. 

Sim, enquanto confinávamos em Melbourne, em Portugal aproveitava-se o verão - parecia que o covid19 era uma memória do passado; sim, nós tínhamos a plena consciência que depois de tantos meses de confinamento mais a chegada da primavera, era uma questão de tempo até Melbourne voltar ao normal - aparentemente toda a transmissão comunitária foi eliminada e a Austrália, felizmente, já vive uma realidade pós-covid19; e sim, também sabíamos que depois dos "fun times" do verão português mais a chegada do outono, o que nos esperava era mais confinamento (o que não o torna mais fácil, apenas mais familiar).

E assim foi: desde que chegamos a Portugal tivemos 3 dias "livres" e depois voltamos novamente para dentro de casa (e este confinamento em solo português partiu mais de nós e da nossa consciência do que propriamente das regras em vigor no momento em que chegamos). A verdade é que ainda só estivemos com a família mais próxima e só nos encontramos com meia dúzia de amigos, e sempre aos pares - nada de encontros em grupo. E posso-vos dizer que era bem mais fácil gerir tudo isto quando havia a justificação dos 17.000 km de distância - agora que a distância não é um argumento, fazer esta gestão de estar com quem / quando / onde / como, é dolorosa à falta de melhor termo.



É dito com frequência que o ser-humano é uma criatura de hábitos, que precisa de rotina e ordem e previsibilidade. Sim, em parte. Porque depois também entra a parte da necessidade da novidade e do estímulo e da mudança: de poder experimentar coisas novas, conhecer outras pessoas, aprender e crescer. Poder começar de novo noutra cidade, noutro emprego, noutro ambiente - outra Aventura.

Neste momento não sei se é essa Aventura que me vai fazer acordar deste torpor que se tornou 2020 (já não tenho mais palavras para "gastar" com este ano 2020). E provavelmente nem é isso que interessa. Talvez o mais importante seria saber que tenho a opção. Ir para um país nørdico, ir para o Canadá ou Japão ou whatever, ficar por cá, ir fazer uma viagem de 6 meses pela América do Sul, fazer um retiro espiritual no Butão, tirar outro curso, etc etc etc. Não interessa - o que interessa é existir a opção. E enquanto espero pelo momento em que a opção vai (voltar a) existir, agradeço não ter de me preocupar com a minha saúde e dos meus, com a minha casa, com o meu rendimento. 

Só me parte um bocadinho o coração ter o "colo da Mãe" tão perto e ainda não ter tido a "coragem" de lhe dar aquele abraço pré-2020.

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