Um mês depois | One month later


Passei trinta minutos do meu último dia em Melbourne sentada no chão da cozinha a chorar ao ombro do Tiago. Mal o Rogério saiu lá de casa com os últimos pedaços da nossa vida naquele apartamento, caiu a ficha de que aquilo estava mesmo a acontecer, e que dentro de umas horas íamos fechar a porta daquela casa, colocar as chaves num envelope e colocar esse envelope num marco do Australia Post. 

(Valeu-nos o piquenique que o Milan preparou para a nossa despedida: uma tarde de petiscos, champagne, conversa e sorrisos por detrás de máscaras - sempre com uma distância de 1,5m entre casal - que salvou a nossa sanidade mental e nos deixou cheios de vontade de receber os nossos amigos em Portugal e/ou regressar de férias a este sul longínquo.)


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Já passou quase um mês desde a nossa chegada e a sensação que tenho é de que estou de férias (e uma parte de mim mais distraída ainda acha que vamos voltar para Melbourne um destes dias - não, não vai acontecer). Como os últimos sete meses foram meses loucos de trabalho (!!!) ainda estou a conseguir apreciar este "descanso" - mas também já me estou a preparar para o tédio que sei que, não tarda nada, irá dar os ares de sua graça...

Temos passado o tempo a matar as saudades possíveis de pessoas, comida e lugares - com tudo o que se está a passar temos sido super cuidadosos com os re-encontros o que torna este regresso ainda mais estranho..., matar saudades da Rafinha, organizar a nossa casa (mais acerca deste tema para breve) e tratar de todas aquelas burocracias chatas-chatas-chatas mas que têm de ser feitas. 

Saímos de um confinamento "a sério" para um "quase" confinamento que estamos a encarar como um confinamento. Fico muito feliz por Melbourne estar a voltar à normalidade e anseio pela mesma normalidade aqui pela Europa: fica a esperança de que seja mais cedo do que tarde...


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