Sobre partir | About leaving


Há uns meses largos atrás, no trabalho, um colega australiano comentava comigo quão difícil devia ter sido tomar a decisão de deixar toda uma outra vida para trás e vir parar ao outro lado do mundo.

No momento disse que sim. Mas a verdade é que quão mais penso nisso mais acho que não foi assim TÃO difícil.

Sei que pode ser uma questão de memória curta (é bem possível!), mas a verdade é que tirando a parte logística de arrumar, fazer malas, desfazer malas, arrumar, voltar a fazer malas, voltar a desfazer malas, arrumar; e as partes burocráticas - que são chatas-chatas-chatas (já disse chatas não já?!) mas que se fazem - que remédio! - foi tudo bastante "simples".

Despedir-me da Rafa foi duro - principalmente porque sabia que muito provavelmente ela nem ía perceber que eu tinha partido (o que é óptimo!). E despedir-me da minha mãe foi, felizmente, mais um "até logo" do que um "adeus". E mesmo assim consegui ir a parte inicial da viagem no táxi a chorar baixinho (aquele choro calmo de quem sabe o que está a fazer). À medida que nos aproximávamos do aeroporto a sensação de partida dava lugar à sensação de aventura, e foi tudo mais fácil a partir desse clique.

Sabem qual é a melhor parte de partir? É ter um lugar para onde voltar! O nosso lugar, com as nossas pessoas... Até já Portugal :)


"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

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